A cadeia de valor da construção é responsável por, pelo menos, 39% das emissões globais de CO₂
A utilização de madeira em vez de betão e aço em edifícios comerciais reduz as emissões de carbono numa média de 60%.
A madeira tem uma condutividade térmica mais baixa do que o betão, o aço e a alvenaria.
Isto significa que a sua resistência ao fogo é também superior. Por exemplo, o aço tem uma condutividade térmica elevada, o que afecta a sua resistência à medida que as temperaturas aumentam. Na realidade, é prática corrente que o aço seja revestido a madeira, para fazer face a aumentos de temperatura que possam pôr em causa as propriedades mecânicas do aço.
No entanto, o fogo é um fator de risco para todos os edifícios e locais de construção — independentemente dos materiais utilizados. Nestes cenários, outra vantagem da madeira é o facto de carbonizar no exterior, mantendo a resistência, abrandando a combustão e garantindo tempo precioso para a evacuação.
O tecido lenhoso das árvores é formado por fibras alinhadas longitudinalmente, proporcionando suporte à árvore e transporte de nutrientes. O lenho inicial (Primavera) cresce rapidamente, sendo menos resistente, enquanto o lenho final (Verão) cresce mais lentamente, sendo mais escuro e resistente. A densidade está diretamente ligada às propriedades mecânicas, onde maior densidade resulta em maior resistência e durabilidade devido à menor porosidade.
Madeiras tropicais, de crescimento mais consistente ao longo do ano, têm lenho mais homogénio, dificultando a identificação de anéis de crescimento. A organização celular explica a anisotropia da madeira, mostrando respostas mecânicas distintas em diferentes direções em relação às fibras.
O comportamento mecânico é afetado pela presença de nós, que desviam as fibras, reduzindo a resistência à tração axial. Uma madeira sem nós ou com nós menores é considerada de melhor qualidade, com resistências mecânicas superiores. A madeira é única ao permitir prever seu comportamento mecânico pela análise visual.
Erroneamente, a madeira é frequentemente associada a uma baixa durabilidade, mas existem exemplos de construções em madeira que resistem por séculos. O principal agente de degradação é a água, sendo o fogo o mais severo, embora menos frequente. A presença de água aumenta o teor de água na madeira, criando condições para fungos, insetos e térmitas. Manter o teor de água abaixo de 20% é uma medida preventiva eficaz.
Diferentes espécies de madeira têm durabilidades naturais variadas, e o projetista deve escolher aquelas mais adequadas para a aplicação. Se necessário, a madeira pode ser tratada, mas nem todas as espécies são tratáveis da mesma forma. A durabilidade da construção depende dos detalhes construtivos, com ênfase na ventilação e na prevenção do acúmulo de água em contato com a madeira. Reduzir o contato direto da madeira, especialmente na direção longitudinal, evita a penetração de água nas fibras.
A madeira é fácil de cortar e furar, o que, por vezes, pode levar à negligência ou subestimação em obra. A percepção de que qualquer pessoa pode trabalhar com madeira devido à sua facilidade muitas vezes prejudica a construção em madeira. No entanto, a construção em madeira incorpora tecnologias modernas e digitais avançadas. O ênfase na pré-fabricação, digitalização e Building Information Modeling (BIM) destaca a vanguarda da indústria da madeira. A construção em madeira é, por natureza, pré-fabricada, utilizando tecnologias como CAD/CAM e CNC para produzir elementos com precisão de milímetros.
Com base na analogia da constituição da madeira com fibras orientadas longitudinalmente no tronco, torna-se simples compreender este conceito. A madeira exibe diferentes desempenhos físicos e mecânicos em relação à direção das fibras. Na direção das fibras, a resistência mecânica à tração e compressão é elevada, mas a porosidade também é maior, facilitando a circulação da água. Já na direção perpendicular, a resistência à tração é muito baixa. A resistência à compressão perpendicular é inferior à direção paralela, mas apresenta um comportamento dúctil, habilmente explorado por carpinteiros na concepção de ligações com entalhes, respigas, mechas, etc.
Uma ligação representa a união de vários elementos, que geralmente têm direções e inclinações diferentes. Dado que a madeira é um material anisotrópico, com propriedades dependentes da direção, as ligações tornam-se os elementos mais fracos na construção em madeira. Esses elementos têm comportamentos distintos devido aos diferentes esforços em relação às fibras.
Os ligadores mais comuns na construção em madeira, como parafusos, pregos e cavilhas, transmitem esforços principalmente por corte. Embora existam ligadores que transferem parte dos esforços por forças axiais, o design das ligações deve considerar que a transferência predominante ocorre por corte, com deformação do ligador e esmagamento localizado da madeira.
O que torna o trabalho com madeira tão especial é a necessidade de conhecer e entender o material. Por exemplo, mesmo com cálculos precisos, escolher uma espécie de madeira inadequada para a durabilidade desejada pode resultar em uma construção com vida útil curta e desempenho insatisfatório. No entanto, munidos desse conhecimento, construir com madeira torna-se numa experiência fantástica.
“A madeira arde mais facilmente.”
“A madeira arde mais facilmente.”
Se construída corretamente e se em conformidade com os regulamentos de construção, a madeira tem um desempenho superior a qualquer outro sistema e pode apresentar-se completamente hermética. Ao contrário da madeira maciça padrão, que quando exposta a temperaturas elevadas apresenta uma elevada camada protetora de carbonização, os painéis de cross laminated timber quando expostos ao fogo, inibem a sua propagação e apresentam uma baixa velocidade ou taxa de carbonização. Devido à baixa área de superfície, mesmo sem qualquer revestimento, os painéis CLT inibem a propagação do fogo, encapsulando a chama numa área restrita e limitando o seu desenvolvimento. Outro grande atributo é a massa térmica sólida e a condutividade do CLT que permite que, face à exposição de um lado do painel a 1000 graus Celsius, o outro lado permaneça à temperatura ambiente devido à sua difusibilidade reduzida.
“A madeira arde mais facilmente.”
“É preciso trazer uma equipa especializada para instalar madeira lamelada cruzada.”
“É preciso trazer uma equipa especializada para instalar madeira lamelada cruzada.”
Todo o processo de produção do CLT é altamente industrializado, que ocorre em fábrica, sob um planeamento detalhado, em que os elementos (painéis) produzidos são virtualmente perfeitos, com margens de erro residuais. O plano de instalação fornecido pelo fabricante proporciona um manuseamento fácil e rápido, dado o elevado nível de pré-fabricação. Apesar de poderem ter grandes dimensões, uma equipa convencional de instalação com experiência em painéis, pode levantar, colocar e aparafusar painéis de CLT sem dificuldade. Aliás, comparativamente aos processos construtivos tradicionais, o número de trabalhadores necessário para edificar uma construção em CLT é muito menor que o número de trabalhadores necessário para executar uma obra em construção civil com materiais de construção pesados, e de dimensões inferiores.
“É preciso trazer uma equipa especializada para instalar madeira lamelada cruzada.”
“A Mass Timber não é boa para o ambiente, uma vez que muitas árvores precisam de ser cortadas para criar o material de construção.”
“A Mass Timber não é boa para o ambiente, uma vez que muitas árvores precisam de ser cortadas para criar o material de construção.”
Os painéis CLT são produzidos a partir de madeira que cresce em florestas geridas de forma sustentável. Valorizando os produtos florestais, estamos a cuidar e a proteger da nossa floresta. Talvez assim se explique o porquê dos Países desenvolvidos do Centro Norte da Europa possuírem uma maior mancha florestal como consequência de uma maior valorização da madeira nos sistemas construtivos que usam na habitação. A madeira é o único material de construção que cresce naturalmente e é renovável. De facto, durante os últimos 50 anos menos de 2% do inventário de árvores em pé nos EUA foi colhido todos os anos, enquanto o crescimento líquido das árvores foi de 3%. O CLT é uma alternativa à construção tradicional, valorizando uma construção sustentável e eficiente, capaz de armazenar dióxido de carbono, promovendo a renovação florestal, sendo por isso um fator chave na preservação do meio ambiente.
“A Mass Timber não é boa para o ambiente, uma vez que muitas árvores precisam de ser cortadas para criar o material de construção.”
“Madeira é cara.”
“Madeira é cara.”
Ao considerar o valor total em lugar de um sistema CLT, o seu valor é extremamente competitivo em relação aos custos para outros materiais de construção de placas. Mas será preciso também considerar todos os benefícios de valor acrescentado: • O custo de instalação é substancialmente mais barato, o que permite uma poupança considerável, normalmente uma redução de 50% no custo, do que a instalação de outros materiais. • Como se trata de um material de baixo peso mas de elevada rigidez estrutural, as estruturas em madeira, apesar das suas grandes dimensões, pesará menos de metade do peso de outros tipos de estruturas, pelo que há uma redução dos custos com as fundações necessárias para suporte das estruturas. • A segurança no local de trabalho é drasticamente aumentada devido aos painéis CLT pré-fabricados e normalmente as únicas ferramentas elétricas são brocas pneumáticas.
“Madeira é cara.”
“Em casos de sismo as estruturas não resistem tão bem como outros materiais.”
“Em casos de sismo as estruturas não resistem tão bem como outros materiais.”
As construções em CLT resultam de uma combinação de resistência, ductilidade e baixo peso, que formam o sistema ideal para resistir a terramotos. Ensaios sísmicos garantem a resistência estrutural e segurança superior, especialmente devido às suas elevadas propriedades mecânicas. No Japão um edifício de grandes dimensões, de 7 andares, foi submetido a rigorosos testes sísmicos, simulando 10 terramotos de diferentes intensidades, permanecendo intacto. Mais do que substituir a construção em sistemas tradicionais, ou a construção civil no seu “modus operandis”, os painéis de CLT visam oferecer alternativas versáteis e sustentáveis para complementar as soluções em madeira, oferecendo simultaneamente uma alternativa adequada a algumas aplicações que atualmente utilizam betão e aço. Trata-se de um sistema de construção recente que demonstra benefícios quanto à proteção térmica, acústica, antifogo e antissísmica, comprovada em testes específicos de garantia e qualidade. Uma solução eficiente, com elevada rigidez estrutural, com claros benefícios para o meio ambiente.
“Em casos de sismo as estruturas não resistem tão bem como outros materiais.”